"Ó vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros e em cujos olhos queima um lento fogo frio, vós de nervos de nylon e de músculos duros, capazes de não rir durante anos a fio.
Ó vós, homens sem sal, em cujos corpos tensos corre um sangue incolor, da cor alva dos lírios, vós que almejais na carne o estigma dos martírios e desejais ser fuzilados sem o lenço.
Ó vós, homens ilumidados a néon, seres extraordinariamente rarefeitos, vós que vos bem amais e vos julgais perfeitos e vos ciliciais à idéia do que é bom.
Ó vós, a quem os bons amam chamar de os Puros e vos julgais os portadores da verdade quando nada mais sois, à luz da realidade, que os súcubos dos sentimentos mais escuros.
Ó vós, os curiais; ó vós, os ressentidos que tudo equacionais em termos de conflito, e não sabeis pedir sem ter recurso ao grito, e não sabeis vencer se não houver vencidos.
Ó vós que vos comprais com a esmola feita aos pobres que vos dão Deus de graça em troca de alguns restos, e maiusculizais os sentimentos nobres, e gostais de dizer que sois homens honestos.
Ó vós, homens da sigla; ó vós, homens da cifra, falsos chimangos, calabares, sinecuros, tende cuidado porque a Esfinge vos decifra… E eis que é chegada a vez dos verdadeiros puros."
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