sexta-feira, 19 de junho de 2009

De verdade

A verdade é que grandes poderes não se perdem pela metade.
Todo roubo revela uma miséria e uma dor.

House

Você pode pensar que a verdade vai fazer você dormir melhor. Mas na melhor das hipóteses ela vai fazer você dormir no sofá do seu amigo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

não sonhou, eram quinze para as três quando acordou estremecendo, pela certeza de que alguém havia olhado enquanto dormia, alguém que havia tido o poder de entrar sem puxar aldravas, quem é, perguntou, não era ninguém, fechou os olhos, voltou a sentir que olhavam, abriu os olhos para ver e então , viu, porra, era ela, Manuela Sanchez que andava pelos quartos sem puxar ferrolhos porque entrava e saía segundo sua vontade, atravessando paredes, Manuela Sanchez da minha desgraça com o vestido de musselina e a brasa da rosa na mão e o cheiro natural de sua respiração, mas era ela, era sua rosa, era seu cálido alento, me diga que não é verdade esse delírio, dizia, me diga que não é você, me diga que essa vertigem de morte não é o marasmo da sua respiração, mas era ela, era sua rosa, era seu cálido alento que perfumava o ar do quarto com mais domínio e antiguidade que a ressonância do mar, Manuela Sanchez dos meus pecados que não estava escrita na palma da minha mão, nem na borra do meu café, nem mesmo nas águas da minha morte nas bacias, não gaste meu ar de respirar, meu sonho de dormir, o volume de escuridão desse quarto onde nunca havia entrado nem havia de entrar alguém, apague essa rosa, gemia, enquanto engatinhava em busca da luz e encontrava Munuela Sanchez da minha loucura em vez da luz, porra, por que tenho que encontrar você se não a perdi, se quiser leve minha casa, a pátria inteira com seu dragão, mas deixe acender a luz, escorpião das minhas noites, Manuela da minha sorte, filha da puta, acreditando que a luz libertasse do feitiço, gritando que tirem-na daqui, que me livrem dela, que a joguem nas escarpas com uma âncora no pescoço para que ninguém volte a padecer de sua rosa