terça-feira, 31 de maio de 2011

Ser o quê?

"Não é viver em um píncaro azulado: é muito mais! É sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.

É não usar pintura alguma, o corpo todo apagado dentro de veste tão de propósito sem graça, mas lançando fogo pelos olhos. É lançar fogo pelos olhos.

É viver a tarde inteira, em uma atitude esquemática, a contemplar o teto, só para poder contar depois que ficou a tarde inteira olhando para cima, sem pensar em nada. É dizer a palavra feia precisamente no instante em que essa palavra se faz imprescindível e tão inteligente e natural. É também falar legal e bárbaro com um timbre tão por cima das vãs agitações humanas, uma inflexão tão certa de que tudo neste mundo passa depressa e não tem a menor importância.

É poder usar óculos como se fosse enfeite, como um adjetivo para o rosto e para o espírito. É esvaziar o sentido das coisas que transbordam de sentido, mas é também dar sentido de repente ao vácuo absoluto. É aguardar com paciência e frieza o momento exato de vingar-se da má amiga. É a inclinação do momento.

É fumar quase um maço de cigarros na sacada do apartamento, pensando coisas brancas, pretas, vermelhas, amarelas.

É comparar o amigo do pai a um pincel de barba, e a gente vai ver está certo: o amigo do pai parece um pincel de barba. É sentir uma vontade doida de tomar banho de mar de noite e sem roupa, completamente. Falar inglês sem saber verbos irregulares.

É chegar em casa em dia de chuva, úmida camélia, e dizer para a mãe que veio andando devagar para molhar-se mais. É ter saído um dia com uma rosa vermelha na mão, e todo mundo pensou com piedade que ela era uma louca varrida. É ir sempre ao cinema mas com um jeito de quem não espera mais nada desta vida. É ter uma vez bebido dois gins, quatro uísques, cinco taças de champanha e uma de cinzano sem sentir nada, mas ter outra vez bebido só um cálice de vinho do Porto e ter dado um vexame modelo grande. É o dom de falar sobre futebol e política como se o presente fosse passado, e vice-versa.

É atravessar de ponta a ponta o salão da festa com uma indiferença mortal pelas mulheres presentes e ausentes. Amanhecer chorando, anoitecer dançando. É manter o ritmo na melodia dissonante. Usar o mais caro perfume de blusa grossa e blue-jeans. Ter horror de gente morta, ladrão dentro de casa, fantasmas e baratas. Ter compaixão de um só mendigo entre todos os outros mendigos da Terra. Permanecer na paixão a eternidade de um mês por um violinista estrangeiro de quinta ordem. Eventualmente, é como se não fosse, sentindo-se quase a cair do galho, de tanto amadurecer em todo o seu ser. É fazer marcação cerrada sobre a presunção incomensurável dos homens. Tomar uma pose, ora de soneto moderno, ora de minueto, sem que se dissipe a unidade essencial. É policiar parentes, amigos, mestres e mestras com um ar de quem nada vê, nada ouve, nada fala.

É adorar. Adorar o impossível. É detestar. Detestar o possível. É acordar ao meio-dia com uma cara horrível, comer somente e lentamente uma fruta meio verde, e ficar telefonando até a hora do jantar, e não jantar, e ir devorar um sanduíche americano na esquina, tão estranha é a vida sobre a Terra."

De finição

"O que ela queria, via-se, era ser adorada. Mas eu? Eu não estava ali para adorar ninguém, fosse em palavras, gestos ou silêncio."

segunda-feira, 30 de maio de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

Idéia da Angelinha

Quero alguém cuja situação financeira possibilite procurar a felicidade na Europa.

PS: ligo pra sapatos.

De lírios

"Nesse ato de quase amor
e leve desespero,
me entrego
ao teu corpo urgente
que me instiga e me machuca
enquanto fragmenta silêncios
e percorre frestas
rompe traços
traça gestos
trama fios
intermináveis
de desejo desmedido
eu- sem impossível."

(Delírios - Angela Bohème)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

De respostas

"Sou um dos fracos? Fraca que foi tomada por ritmo incessante e doido? Se eu fosse sólida e forte nem ao menos teria ouvido o ritmo? Não encontro resposta: sou. É isto apenas o que me vem da vida. Mas sou o quê? a resposta é apenas: sou o quê. Embora às vezes grite: não quero mais ser eu!!"

"Engajados do mundo, vosso engajamento é uma ilha."

E agora chega de explicar

"Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar.
Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

Não sei se me explico

"Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim."

Outra explicação

"Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
Por enquanto tu olhas para mim e me amas. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo."

De fato

"- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende."

Explicação

"Quem não tem amor no mundo não vem neste lugar
Quem não vê azul profundo não tem mais pra onde olhar
Quem tem medo traz no peito o óbolo da precaução
Eu trago um anjo nos braços e ouro no coração

Izabel
Pense em mim
Nossos dias de sol
Eram assim"

Pra não dizer que não falei das flores

"Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou penitente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.

Tu,tano.
Eu,femismo."

Diálogos pra lá de insólitos

- Por que raios vc fez uma coisa dessas?
- Não vou perder tempo tentando explicar pra alguém que não bebe.
- Ah, tá. Sua percepção estava abalada.
- Até onde eu me lembro minha percepção até que ia muito bem, obrigada.
- É. Até onde vc lembra.
- Não seja por isso. A gente verifica já.
- Vc está brincando, né?
- Estou.

Diálogos muito insólitos

- Vc perdeu a noção?
- Eu nunca tive noção. Nem sei o que é isso.

Diálogos insólitos

- Vc está se superando.
- Nas sábias palavras de Aldo, o Apache, a prática leva à perfeição.
- Nesse caso, literalmente.

Idéias fora do lugar

"Se o lar de Tarsila vacila
É pelo angu da Pagu"

domingo, 22 de maio de 2011

Mais uma da Angelinha

"os sonhos
(in) possíveis
não me deixam adormecer."

(Vagante - Angela Bohème)

Lunação

"apaguei minha lua
nova.
estou cheia."

(da especial Angela Bohème)

La vie Bohème

"Bohemia, Bohemia's
A Fallacy In Your Head
This Is Calcutta
Bohemia Is Dead

Dearly Beloved We Gather Here To Say
Our Goodbyes
Here She Lies
No On Knew Her Worth
The Late Great Daughter Of Mother Earth
On This Night When We Celebrate The Birth
In That Little Town Of Bethlehem
We Raise Our Glass - You Bet Your Ass To –
La Vie Boheme

To Days Of Inspiration,
Playing Hookey, Making Something
Out Of Nothing, The Need
To Express -
To Communicate,
To Going Against The Grain,
Going Insane,
Going Mad

To Loving Tension, No Pension
To More Than One Dimension,
To Starving For Attention,
Hating Convention, Hating
Pretension,
To Riding Your Bike,
Midday Past The Three
Piece Suits-
To Fruits - To No Absolutes-
To Absolut - To Choice-
To The Village Voice-
To Any Passing Fad
To Being An Us - For Once-
Instead Of A Them-

La Vie Boheme

So That's Five Miso Soup, Four
Seaweed Salad
Three Soy Burger Dinner, Two Tofu
Dog Platter
And One Pasta With Meatless Balls
It Tastes The Same
If You Close Your Eyes
An Thirteen Orders Of Fries
Is That It Here?

Wine & Beer!

To Hand-Crafted Beers Made In
Local Breweries
To Yoga, To Yogurt, To Rice And
Beans And Cheese
To Leather, To Dildos
To Curry Vindaloo
To Huevos Rancheros And Maya Angelou
Emotion Devotion, To Causing A
Commotion,
Creation, Vacation
Mucho Masturbation
Compassion, To Fashion, To Passion
When It's New
To Sontag
To Sondheim
To Anything Taboo
Ginsberg, Dylan, Cunningham And Cage
Lenny Bruce
Langston Hughes
To The Stage
To Uta
To Buddha
Pablo Neruda, Too
Why Dorothy And Toto Went Over The
Rainbow
To Blow Off Auntie Em

La Vie Boheme

Bisexuals, Trisexuals, Homo Sapiens
Carcinogens, Hallucinogens, Men,
Pee Wee Herman
German Wine, Turpentine, Gertrude Stein
Antonioni, Bertolucci, Kurosawa
Carmina Burana
To Apathy, To Entropy, To Empathy, Ecstasy
Vaclav Havel - The Sex Pistols, 8BC
To No Shame - Never Playing The
Fame Game
To Marijuana
To Sodomy
It's Between God And Me
To S & M

La Vie Boheme"

terça-feira, 17 de maio de 2011

Camilinha comendo bolo

Também não precisa todo esse escândalo...

"I can't figure you out, but a heart must be the one thing you were born without
I've been wastin' my time, I don't know where I'll sleep tonight
You say that you can do without me, go ahead now try and live without me

Baby save up all your tears, you might need them someday
When the tears start to fall I won't wipe them away
When you cry in the night for the love that you need
Baby save up your tears 'cause you'll be cryin' over me"

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pra alguém que eu tinha esquecido

"Parece que dizes: te amo, Maria. Na fotografia estamos felizes. Me vejo a teu lado: te amo? Não lembro. Parece dezembro de um ano dourado. Parece bolero: te quero, te quero. Dizer que não quero teus beijos nunca mais.

Não sei se eu ainda te esqueço de fato. No nosso retrato pareço tão linda. Meus olhos molhados, insanos, dezembros: mas quando me lembro são anos dourados. Ainda te quero. Bolero, nossos versos são banais. Mas como eu espero teus beijos nunca mais."

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pra não falarem que eu só reclamo

Passagem para Londres com duas escalas na alta temporada R$ 5.000,00
Apartamento de dois quartos nos quintos dos infernos R$ 270.000,00
Ver o Parmera perder de 6
NÃO TEM PREÇO