terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2010

Seis quilos
Uma LEDTV
Uma dependência química
Sexo ruim
Sexo muito ruim
Um amor inesperado
Uma máquina fotográfica
Uma vaga no mestrado
Tempo livre
Muito tempo livre
Muitos livros no tempo livre
Uma pele melhor
Um diploma
Um outro diploma

Não foi o que eu esperava, mas eu ganhei algumas coisas

Nome próprio

Algumas vezes quebraram minhas pernas. Eu sobrevivi. Tenho sobrevivido.
Eu faço valer minhas cicatrizes.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Angelov

Call you up in the middle of the night
Like a firefly without a light
You were there like a slow torch burning
I was a key that could use a little turning

So tired that I couldn't even sleep
So many secrets I couldn't keep
Promised myself I wouldn't weep
One more promise I couldn't keep

It seems no one can help me now
I'm in too deep
There's no way out
This time I have really led myself astray

Runaway train never going back
Wrong way on a one way track
Seems like I should be getting somewhere
Somehow I'm neither here nor there

Can you help me remember how to smile
Make it somehow all seem worthwhile
How on earth did I get so jaded
Life's mystery seems so faded

I can go where no one else can go
I know what no one else knows
Here I am just drownin' in the rain
With a ticket for a runaway train

And Everything seems cut and dry
Day and night, earth and sky
Somehow I just don't believe it

Runaway train never going back
Wrong way on a one way track
Seems like I should be getting somewhere
Somehow I'm neither here nor there

Bought a ticket for a runaway train
Like a madman laughin' at the rain
Little out of touch, little insane
Just easier than dealing with the pain

Runaway train never going back
Wrong way on a one way track
Seems like I should be getting somewhere
Somehow I'm neither here nor there

Runaway train never comin' back
Runaway train tearin' up the track
Runaway train burnin' in my veins
Runaway but it always seems the same

"Atreve-se o tempo a colunas de mármore

Que dizer a corações de cera"

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Oficialmente

2010 foi um ano de merda. Tipo um sequestro ao qual vc sobrevive pagando uma fortuna de resgate. Então fica dando graças porque podia ter sido pior, mas a verdade é que foi uma grande merda. Começou uma grante merda, terminará uma grande merda e, nesse meio tempo conseguiu ser um atropelo de merdas consecutivas. Uma verdadeira cagada do primeiro ao último minuto, com todos contribuindo de todas as maneiras para que fosse cada vez pior. Claro, aconteceram 3 coisas boas no ano. 3 coisas boas na merda do ano inteiro (graças, porque podia ter sido pior). 3 puta merda de coisas que eu nem pude aproveitar porque eu estava afogada em merda de todos os lados e ocupada me sentindo uma merda. Mas valeu, obrigada mundo, por terem sido 3 coisa, não uma, não nada. Viu como eu sou agradecida? Obrigada pessoas de merda, que não me mataram de vez nessa merda de ano da porra.
Não desejo merda nenhuma para 2011. Simplesmente porque eu me lembro muito bem de, nessa época de 2009, ter desejado simplesmente, do fundo do coração, que 2010 fosse um ano melhor, só isso. Portanto, se 2011 me deixar em paz eu já me dou por feliz. Quero acreditar, preciso acreditar, que se eu não incomodar 2011, 2011 não vai me incomodar.
Agora vou providenciar drogas para sobreviver às alegres e efusivas comemorações das pessoas que dividiram esse ano comigo e acabaram de me perguntar se eu não achei que ele foi maravilhoso. Só mandando à merda, mesmo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bastardos inglórios

- Vai balbuciar italiano e torcer pra tudo dar certo?
- Talvez só balbuciar em italiano.
- Então é bom levar um taco.

Hora de falar tchau

Do previsível

Medo é sua espinha

Wikipédia

Dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e/ou emocional.

Meu ex namorado é um palhaço

- Vc acha que seu ex namorado palhaço odeia vc?
- Não.
- Vc acha que ele odiava vc antes?
- Não. Não é pessoal. Acho que faz tão bem pra ele destruir as pessoas que ele simplesmente não consegue resistir.

Promessas tão curtas quanto um sonho bom

"Nenhuma idéia vale uma vida"

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Meu ex namorado é um palhaço

- Desafio vc a dizer alguma coisa positiva sobre seu ex namorado palhaço.
- Até agora ele não transmitiu a nenhuma criatura o legado da sua miséria.
- Ele deforma criancinhas.
- Nada que ele cata pela rua pode vir a se tornar pior que um mini ele.
- Bom... Está em tempo.
- Acho que não. Ele adora assassinar os próprios filhos.

Meu ex namorado é um palhaço

Esclarecimento sobre porque meu ex namorado cafetão é cinco mil vezes melhor que meu ex namorado palhaço:

1 - Meu ex namorado cafetão tem mais ética.
2 - Meu ex namorado cafetão tem mais decência.
3 - Meu ex namorado cafetão tem mais respeito pela dignidade do ser humano.
4 - Meu ex namorado cafetão tem mais respeito pelas mulheres.
5 - Meu ex namorado cafetão tem algum amor pela própria mãe.

PS: eu odeio meu ex namorado cafetão.

Meu ex namorado é um palhaço

- Qual a diferença do seu ex namorado palhaço pro seu ex namorado bígamo?
- Meu ex namorado bígamo tem duas mulheres. Meu ex namorado palhaço é somente um palhaço.

Equíovoco sobre a terceira infância

Eu não odeio esse menino. Se eu pensasse nele, provavelmente eu sentiria desprezo.

Meu ex namorado é um palhaço

- Seu ex namorado é um palhaço.
- Eu sei.
- Seu ex namorado é MUITO palhaço.
- Verídico.
- Seu ex namorado é total, absoluta e completamente palhaço.
- Concordo.
- Seu ex namorado deve ser o maior palhaço da face da Terra.
- Provavelmente.
- Ele é tão palhaço que eu fico indignada.
- Ele é mesmo uma pessoa bem indigna.
- Ai que raiva. Como vc pode ficar tão calma?
- Exercício da tolerância...

sábado, 27 de novembro de 2010

Meu ex namorado é um palhaço

Sempre.
E cada vez mais.
E nesse ponto o passar do tempo nunca ajudou ninguém.

Bastardos inglórios

Realmente não dava pra balbuciar italiano e torcer pra tudo dar certo...

Capítulo 1

Ela ajoelhou no confessionário. Não que ligasse, pra Deus, pro padre, ou pra qualquer outra coisa que o valha. Mas porque era o jeito melhor de contar pra alguém. E ela tinha que contar que, naquele dia, finalmente, ela ia matar o marido.
Verdade que ele era uma porcaria de marido. Mas não ia morrer por isso. Verdade também que as mulheres da sua família não deveriam ter tido filhos, mas isso era outra história com a qual o seu marido nada tinha. Foi assim, de repente, numa tarde de calor infernal, de suor escorrendo na barriga e nas costas, de desconforto melecado. Ela olhou o pé, olhou as unhas e decidiu: ia matar o marido. Assim como quem decide que vai fazer uma viagem no próximo feriado. Sem raiva, sem ressentimento.
Apenas porque a vida devia ser mais que um simples suceder de acontecimentos. Mas que um relógio marcando tempo na parede. Mais que o horror de existências mesquinhas. Uma pessoa não podia ser nada. Uma pessoa era alguma coisa. Uma pessoa tinha que fazer alguma coisa que, mesmo que não pudesse ser escrita na sua lápide, pudesse ser lembrada por alguém. Nem que esse alguém fosse o padre. O padre ia lembrar dela, ia saber que a vida dela não foi tão idiota, porque ela matou o marido com vidro moído.
Sua vida não se reduziria à barbárie de um ser que só pensa em si mesmo, e que assim faz girar a roda, que cria o pão, amassa o pão, reparte o pão e sustenta o mundo. Por ambição, não por caridade o mundo era sustentado. Funciona. Claro que foram generosos os anos com Maria Camila e o marido. Generosos os anos com os filhos dele. O dela e os outros. Mas agora ia acabar-se. Ah, ia acabar-se tudo. Não era por dinheiro, nem por amor, nem por raiva.
Tédio, enfado da mediocridade.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Descrença insólita

- Vc gosta desse cara?
- Gosto?
- Quanto?
- Dada a situação geral, gosto muito.
- Quanto é muito?
- Como um vagão de capim por ele, tá?
- Então vai lá e diz isso pra ele.
- Não dá. Se ele vier atrás de mim, vai provar que é um imprestável. E se ele for um imprestável, eu não vou mais gostar dele.
- Duvido, duvido, duvido e faço pouco.
"Confessar
Sem medo de mentir
Que em você
Encontrei inspiração
Para escrever..."

domingo, 21 de novembro de 2010

Declaração

"I'm wandering round and round, nowhere to go
I'm lonely in London, London is lovely so
I cross the streets without fear
Everybody keeps the way clear
I know I know no one here to say hello
I know they keep the way clear
I am lonely in London without fear
I'm wandering round and round, nowhere to go
While my eyes go looking for flying saucers in the sky
Oh Sunday, Monday, Autumn pass by me
And people hurry on so peacefully
A group approaches a policeman
He seems so pleased to please them
It's good at least, to live and I agree
He seems so pleased, at least
And it's so good to live in peace
And Sunday, Monday, years, and I agree"
"Somente por amor a vida se refaz
E a morte não é mais pra nós"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aplausos pra Camilinha

Meu ex namorado é um palhaço

- Querida, me desculpe. Vc tem lidado muito mal com o palhaço do seu ex namorado.
- Não é possível. Eu não tenho lidado com o meu ex namorado palhaço em absoluto.
- Precisamente. Tá errado. O jeito certo teria sido ligar pra gente e dar o endereço do palhaço.
- Já expliquei que na ocasião eu não podia fazer isso.
- Não tem problema. Porrada não prescreve.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meu ex namorado é um palhaço

"Mas simplesmente normal
Comum
Igual
A um resto de criaturas"

sábado, 13 de novembro de 2010

Cauinagem

"Assim Glaura, que inflamada
Perseguiu aves ligeiras
Quer à sombra das mangueiras
Descansada respirar.

Entre risos, entre amores,
Se lhe falta o dia, chora,
E vem cedo a ver a aurora
Sobre as flores orvalhar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar."

Bastardos inglórios

Continua não valendo a pena se ralar pra ensinar humanidade a quem não tem nenhuma.

Meu ex namorado é um palhaço

- Não adianta ele ficar com raiva. Não tenho culpa dele ser um palhaço. Não posso fazer nada.
- Ninguém acha que ele tem a menor graça.

Meu ex namorado é um palhaço

- Seu ex namorado é um palhaço.
- E sei disso.
- Todo mundo sabe disso.
- Graças à minha iniciativa.
- De namorar um palhaço.

Meu ex namorado é um palhaço

- Por que vc ficou com esse idiota?
- Porque meu ex namorado é um palhaço.
- O que isso tem a ver?
- Ele faz qualquer idiota parecer melhor que é.
- Bom saber que ele serve pra alguma coisa.
"Tomei algumas decisões na vida
Que nunca deveria ter tomado
Pensei que aquele amor fosse trazer felicidade
Mas fui redondamente enganado
Agora eu não consigo me livrar dessa amargura
Que a precipitação me aprontou
Não sei por que motivo gostei de uma criatura
E meu coração angustiou"

Alguma coisa pra ficar de bom humor

Não que alguém não saiba, mas enfim...

"Morar nesse país
É como ter a mãe na zona
Você sabe que ela não presta
E ainda assim adora essa gatona
Não que eu tenha nada contra
Profissionais da cama
Mas são os filhos dessa dama
Que você sabe como é que chama"

Meu ex namorado é um palhaço

Não estou me referindo:

a meu ex namorado homossexual pedófilo,
a meu ex namorado analfabeto,
a meu ex namorado que não sabia soletrar paradigma,
a meu ex namorado trombadinha,
a meu ex namorado bígamo,
a meu ex namorado ruim de cama,
a meu ex namorado incapacitado e homicida,
a meu ex namorado que rebateu cocaína com viagra,
a meu ex namorado que a mãe vendeu pro circo,
a meu ex namorado cafetão,
a meu ex namorado de treze anos.

Não. Nada disso.

Essa coluna refere-se a meu ex namorado tão somente palhaço.

(podendo o abestado em questão atender também pela alcunha de "o palhaço")

Meu ex namorado é um palhaço

Nova coluna com ambições de virar livro.

Perdão a todos os meus ex namorados, que ficarão na dúvida se é a eles que estou me referindo.

Lamento queridos: essa coluna é direta e específica. Alá mickey revival, pra quem se lembra dele.

Sem contar que agora esse blog vai ser de utilidade pública.

Não vou especificar a utilidade, pra não apanhar da analista.

Novo Manifesto

"Eu não tenho nada pra dizer
Também não tenho mais o que fazer
Só pra garantir esse refrão
Eu vou enfiar um palavrão
"

"Eu tô sentindo que a galera anda entendiada
Não tô ouvindo nada, não tô dando risada
E aê, qual é? Vamô lá, moçada!
Vamô mexe, vamô dá uma agitada!
Esse nosso papo anda tão furado
É baixaria, dor de corno e bunda pra todo lado
Eu quero me esbaldar, quero lavar a alma
Quem saba, sabe; quem não sabe bate palma
E pra celebrar a nossa falta de assunto
Vamô todo mundo cantá junto (Ueba!)"

sábado, 16 de outubro de 2010

Coisinhas de aniversário



"Ainda posso viver muitas vidas nessa vida, mas felicidade é ser eu mesma"

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Há pessoas com nervos de aço, sem sangue nas veias e sem coração. Mas não sei se passando o que eu passo talvez não lhes venha qualquer reação. Eu não sei se o que eu trago no peito é ciúme, é despeito, amizade ou horror. Eu só sei é que quando te vejo me vem um desejo de morte e de dor."

Em paralelo

- Vc falou com a sua amiga?
- Falei. Ela confirmou tudo.
- Eu não acredito em vcs.
- Pague.
- De quantos sapatos vc precisa?

Contramão

"Hoje acordei querendo uma encrenca
Escrevi seu nome no ar
Bati três vezes na madeira
Ouvi vc me chamar"

sábado, 2 de outubro de 2010

A Lestásia fagundiana

E se o Tatuapé for um posto avançado da Eurásia na Lestásia?
Aí não sei mais nada...

Aclarações satânicas

Que não hajam mais dúvidas:
O cajado paieuclidiano se adquire stricto sensu e se larga latu sensu.
Qualquer variação deve-se à exclusiva e lamentável falta de talento dos envolvidos.

Adendo meu:
Nem que seja a falta de talento pra escolher.

Adendo fagundiano:
Qualquer situação que dê margem a esse tipo de dúvida sequer devia ter acontecido.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Bastardos inglórios

- A porcaria do plano é entrar lá gaguejando em italiano e torcendo pra tudo dar certo?
- Isso ou voltar pra casa.

domingo, 26 de setembro de 2010

Bastardos inglórios

Pensando bem também não estou muito afim de ter o maior trabalho pra ensinar humanidade a quem não tem nenhuma...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Re capitular

"E muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais."

Pois é, então

"Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié,
Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux!

Balayé les amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies,
Aujourd'hui, ça commence avec toi!"
"Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa"

Pra melhorar o humor

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Diálogos insólitos

- Ia ser bem engraçado.
- É. Mas agora que eu não vou fazer mesmo porque vc ia dar risada. Daí ia complicar pro seu lado.
- Prometo que não rio. Posso até rir um pouco, mas não olho pra sua cara.
- Prefiro zelar pela sua segurança.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cuidado com quem ainda não devolveu a bofetada

Essa pessoa nem perdoou vc, nem admitiu que vc se perdoasse.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Camilinha

Força estranha

"Eu pus os meus pés no riacho e acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.

A vida é amiga da arte, é a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.

Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.

Estive no fundo de cada vontade encoberta.
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol.
E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol."

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dinovo

Pagu

"Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão
Eu sou pau prá toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Minha força não é bruta
Não sou freira, nem sou puta...
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Fama de porra louca, tudo bem!
Minha mãe é Maria Ninguém
Não sou atriz, modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem"

Do improvável

"Chora, não vou ligar
Chegou a hora
Vais me pagar"

domingo, 12 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Por ela a beleza do sol e das madrugadas
Por ela meus sonhos de amor e as noites amargas
Por ela cada despertar cada sentimento
As flores a musica e o mar a chuva e o vento
A luz o calor o fogo a terra e a agua
Por ela a mais doce lembrança do corpo e da alma
Por ela as contradições até os desvarios
Por ela cada insenssatez e cada desafio
As lagrimas caidas no rosto tambem as delicias
Ciúmes a furia contida depois as caricias
Por ela tantas sensações a mais nos meus sentidos
Por ela tantas emoções e um coraçào sofrido
Suspiros ilusões paixão poemas e locuras
Todas as frases de amor e as palavras mais duras
Por ela o amor a dor a paz e o tormento
Por ela a ilusão e a sina de viver querendo
Por ela eu olho aquela estrela que brilha no espaço
Por ela o nascer do dia e a força do abraço
Por ela eu vivo sempre só nessa longa estrada
Por ela esse grito de amor e essa dor calada
Por ela eu choro de alegria e canto de saudades
Por ela o sol que vai nascer depois da tempestade"

terça-feira, 7 de setembro de 2010

E mais Camilinha

Coisa Poca

"Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida traz.
Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém poder nos comparar
Porque
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar
Veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Pode acabar muito pior

E muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais."

Camilinha


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Eu sei

"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus. Não quero lembrar que eu erro também. Um dia pretendo tentar descobrir porque é mais forte quem sabe mentir. Não quero lembrar que eu minto também."

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nikita

"Hey Nikita is it cold
In your little corner of the world?
You could roll around the globe
And never find a warmer soul to know

Oh I saw you by the wall
Ten of your tin soldiers in a row
With eyes that looked like ice on fire
The human heart a captive in the snow

Oh Nikita you will never know, anything about my home
I'll never know how good it feels to hold you
Nikita, I need you so
Oh Nikita, is the other side of any given line in time
Counting ten tin soldiers in a row
Oh no, Nikita you'll never know

Do you ever dream of me?
Do you ever see the letters that I write?
When you look up through the wire
Nikita do you count the stars at night?

And if there comes a time
Guns and gates no longer hold you in
And if you're free to make a choice
Just look towards the west and find a friend."

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pensamento insólito

Deus, que não tem problemas de verba ou de oposição, pra ficar gritando "projetos faraônicos, projetos faraônicos", na sua infinita sabedoria e benevolência, usa os meios mais inacreditáveis (e caros) para me lembrar de não perder tempo me preocupando com ninharia. E para me lembrar como é possível diferenciar o que é ninharia do que não é.
Meu coração tá batendo,
Como quem diz "não tem jeito!"
Zabumba bumba esquisito
Batendo dentro do peito.
Teu coração ta batendo
Como quem diz "não tem jeito!"
O coração dos aflitos pipoca dentro do peito
Coração bobo, coração-bola, coração-balão, coração-São-João!
A gente se ilude, dizendo: "já não há mais coração..."
"Há um brilho de faca onde o amor vier
E ninguém tem o mapa da alma da mulher
Ninguém sai com o coração sem sangrar ao tentar revelar
Um ser maravilhoso entre a Serpente e a Estrela

Um grande amor do passado se transforma em aversão
E os dois lado a lado corroem o coração
Não existe saudade mais cortante
Que a de um grande amor ausente
Dura feito um diamante, corta a ilusão da gente

Toco a vida prá frente fingindo não sofrer
Mas o peito dormente espera um bem querer
E sei que não será surpresa se o futuro me trouxer
O passado de volta num semblante de mulher."
"Eu até que nem gostava
De sair da minha casa
Mas quando eu menos esperava
Parece que criei asa
Não sei se sou o inimigo
Ou do inimigo me escondo
Não sei se fujo ou persigo
Por esse enredo redondo
Eu quero entrar num boteco
Me jogam num avião
Eu vou dormir em sueco
Me acordam em alemão
Não sei se espero ou se brigo
Não sei se calo ou respondo
Não sei se fujo ou persigo
Por esse enredo redondo."

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

!!!

"Vê passar ela quando dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudoradadadaadanadaagradaandar seminua."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quem senta nessa cadeira, é porque alguma coisa lhe falta

"Batidas na porta da frente: é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei
Num dia azul de verão sinto o vento
Há fôlhas no meu coração: é o tempo
Recordo um amor que perdi: ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro, sozinhos
Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer."

terça-feira, 24 de agosto de 2010

João e Maria

"Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?"

Lua cheia

"Minha voz ficou na espreita, na espera,
Quisera abrir meu peito, cantar feliz
Preparei para você uma lua cheia
E você não veio, e você não quis
Meu violão ficou tão triste, pudera,
Quem dera abrir janelas, fazer serão
Mas você me navegou mares tão diversos
E eu fiquei sem versos, e eu fiquei em vão."

Quem liga? Quem se importa? Quem pagou essa pesquisa?

- Deixa entender: todo esse trabalho seria para não se dar ao trabalho de fazer outra coisa para poder não fazer algo que deveria (ou não) ser feito?
- Basicamente.

Diálogo insólito sobre o que os vagalumes fazem de dia

- No final, alguém devia ter pago essa pesquisa.
- Pra começar essa pesquisa não tinha que existir nem de graça.

Diálogos insólitos

- Se eu tiver sorte, um paciente do dentista desmarca e ele pode me encaixar.
- Se vc tivesse sorte não ia ter que ir ao dentista.

Diálogos insólitos

- Estou com falta de ar.
- Pra mim vc está é com falta de terra.

domingo, 22 de agosto de 2010

Veríssimo - Parte 15

" O rato é o rei do resto."
"Quem canta comigo, canta o meu refrão
Meu melhor amigo é meu violão

Já chorei sentida de desilusão
Hoje estou crescida, já não choro não
Já brinquei de bola, já soltei balão
Mas fugi da escola pra aprender lição

O refrão que eu faço é pra você saber
Que eu não vou dar braço pra ninguém torcer
Deixa de feitiço que eu não mudo não
Sou sem compromisso, sem relógio e sem patrão

Nasci sem sorte, moro num barraco
Mas meu santo é forte, o samba é meu fraco
No meu samba eu digo o que é de coração
Quem canta comigo, canta o meu refrão"

Ligia

"Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou à Ipanema
Não gosto de chuva
Nem gosto de sol

E quando eu lhe telefonei
Desliguei, foi engano.
Seu nome eu não sei,
Esqueci no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer

Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chopp gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon

E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão
O seu nome rasguei
Fiz um samba-canção
Das mentiras de amor
Que aprendi com você."

Veríssimo - Parte 14

"Quando a criação tiver cumprido seu ciclo e só sobrarem sobre a terra o esqueleto de um shopping center, alguns diamantes e o PSDB, os ratos tomarão posse. Sem qualquer solenidade. Sem rapapés. Sem discursos, sem conjeturas sobre o seu papel no grande esquema cósmico, sem canapés."

Primeiro Mistério

Ele parecia bem mais com o diabo do que com gente. Vade retro. Não era assim que achavam as mulheres. Aterrador, um mau. Ele não era assim. Às mulheres se chegava de manso, seu fraco eram viúvas e casadas, nunca se aproveitou de inocentes, as virgens, com ele estavam seguras, nunca teve um filho que não protegesse. Por isso arruinou-se, jogou fora o que juntou. Viam-no como nunca foi. Eu o afastei para proteger-me. Não sei bem que idade tinha quando o conheci. Era meu março, o fim do meu verão. Quando ele se foi, em poucos anos tinha envelhecido vinte. Meu rosto, duro, queimado, perdeu a claridade anterior, meus cabelos descoraram. Mesmo assim, me olhando, ele se sentia perturbado. Vinha de dentro de mim uma serenidade como a que se vê em imagens de santo, as mais toscas. Um som de eternidade. Tinha a consciência tranquila: para se entender comigo havia feito o que podia. Não fora fácil, levara século a primeira tentativa. Eu mantive um anteparo que ele teve que vencer, um resguardo invisível de compostura e silêncio. Olhava-o de frente, com olhos severos como o de um senhor. Podia vê-lo se quisesse. E nunca houve lugar onde ele tenha estado mais. Poliu o chão com os sapatos, indo e vindo. Eu podia olhar ao menos para a porta, mas não, era como se não existisse. Nunca lhe pedi um grão de milho, uma folha de capim. Como podia? Absurda mulher. Nunca entendeu minhas contas, eu possuía o dom da multiplicação. Ele também, a seu modo. Passou a buscar mulheres parecidas comigo, não achou. Espalhou intenção (falsa) de casar com pessoa instruída. Continuou sem ser olhado. Resolveu vir às falas. Recebi-o bem, ofereci água ou café. Como ele ia pegar um copo ou uma xícara se as mãos tremiam? Não pronunciou uma palavra das que preparara. Tinha um anzol na língua, ficou mudo. Disse que tinha errado muito, ia acertar sua vida, constituir família. Respondi que ele já tinha tantas que uma a mais não ia fazer diferença. Fingiu-se de surdo e saiu de orelhas queimando, derrubando tudo, varrendo os caminhos em que jamais fora visto. Não me abalou. Ficasse rondando até perder a paciência e entrar porta adentro perguntando, prometendo mundos e fundos, se queria viver com ele. Decidiu agarrar-me de uma vez, mas deu por si andando por aí como se houvesse sido arrebatado. Sem dúvida tinha alguma vergonha. Resolveu tomar o caminho da justiça. Assediou-me só para humilhar-me, para destruir meu orgulho, não conseguiu. É verdade que não falou, nunca mais, em deitar-se comigo. Reclamou, fez censuras, insultou-me, insistiu com toda soberba. Uma vez lhe havia dito que não deixava de ter certa sabedoria: fala do que conhece. Decidiu propor-me casamento. Não teve boca para dizer as palavras. Teve ódio de mim. Detestou seus filhos porque não eram meus. Com o tempo o ódio foi passando, veio uma espécie de enlevo, até de gratidão. Acabou achando que fui sua transcendência, sua parte de espanto numa vida tão pobre de mistério.

sábado, 21 de agosto de 2010

Segundo Mistério

Como uma chama prestes a extinguir-se, confessei-lhe meus pecados. Segurei os braços, lembrando. Estava pondo água no fogo. Ia fazer café. Cultivo o hábito de esquecer para proteger-me da impregnação das coisas. E a lembrança é o bem humano mais insidioso, com seu caráter duplo, trazendo ao mesmo tempo a alegria da posse e a defraldação da perda, sendo uma o reflexo da outra. Subiu-me à garganta uma espécie de golfada salitrosa, de vômito salgado. Lembrava uma paz vivida, inalcançável em qualquer de seus aspectos essenciais. Um passado como num espelho, lâmina de vidro, atrás de mim, ausência. Jamais haveria uma vida semelhante. Disse-lhe que tentei viver na justiça. Que cometi tantas faltas, mas que isso era parte de nossa condição. Quem vive muito erra muito. A gente pode se impedir de falar, não de viver. E num prolongado silêncio, as mão tensas nos meus braços, repassei meus atos. Todos de que me lembrava. Queria descobrir uma nódoa, um engano para não parecer soberba. Contei-lhe que muitas vezes desejei matar. Tive a impressão de engrandecer, como se dependesse disso, de mentiras expressas com esforço, a minha absolvição. Também devia ter feito injustiças. Devia ter feito. E já não me lembrava de quase nada. Nem do mal que fiz, nem do que sofri. Tudo agora era quase da mesma cor. A cor que o mundo fica, e fiz um gesto de apagar com a mão que significava : no entardecer. Tive medo. Minha voz perdia-se como um instrumento corroído. Custou-me unir as palavras. Afastei dele os olhos imobilizados e os meus cabelos, muitos, espalharam-se de um lado e outro do meu rosto, sobre o travesseiro. Pensei que poderia, afinal, adormecer. Então ele me viu. Terá nossa alma o poder de escolher, dentre todos os aspectos que perdemos, o menos contrário à sua natureza, ou o que testemunhou nossos dias mais ricos, os em que estivemos mais próximos da harmonia desejada entre nosso poder e nossa obra? Terá sido esse rosto ressurgido que ele contemplou? Continuavam intactas minhas feições. Mas dentro desse rosto transparente como se não existisse, fosse um engano sobre a realidade não exposta à visão ordinária, brilhou meu rosto como uma chama. E ele pode ver uma beleza secreta, esquecida por todos que a haviam contemplado, e que surgiu ante seus olhos num segundo em que tombaram as escamas com que cruzei a terra. Vendo-o (ou deveria dizer vendo-os) embebido no clarão anterior da imagem, mistério de espírito ou de carne, de um passado que ninguém imaginaria possível, pensou que eu guardara para ele uma espécie de herança. O privilégio de ser testemunha de uma ressurreição mais perturbadora que a dos mortos, volta de uma face à face que se transformou, de uma vida tragada pelo tempo, mas que poderia transpassá-lo, livre e por um segundo. Quando me beijou essa face passada esvaíra-se. Beijou-me sobre os olhos, a boca, os ouvidos e o nariz. Mesmo assim, ao deixar-me, não sentiu na alma o peso que tantas vezes, então e depois, afetara seus silêncios. Resplandeceu uma frase, uma palavra, alguma coisa de completo e velado, como deve ser para um artista a forma pressentida. Dentro dele, enquanto afastou-se, fui uma chama.

Terceiro Mistério

Estava descalça, vestida de preto, cabelos loiros, uma imagem emoldurada no peito. Ainda não era noite de todo e ele podia ver que meus olhos eram grandes e meu rosto, embora um pouco desfigurado, diferente de tudo que encontrou. Mesmo ele, que nem estava na cidade há muito tempo, sabia da minha doença. Mas na breve duração de um olhar, o primeiro que trocamos e que já nos uniu com tudo que isso implica, viu em mim apenas a adolescente arrancada da imobilidade e cegueira para ir ao seu encontro e descobrir-lhe. Teve, ignorante que era, a sensação de agraciado, certo de que em mim a enfermidade fora, mais que uma pena, um desígnio de resguardo até esse minuto, e que em mim estavam as venturas da vida, e que, ligando-se a mim se apossaria de riquezas que não podia entender ou adivinhar. Atingido nas profundezas por um olhar, ofereceu-se com a máxima candura, imaginando que o brio de seu espírito podia comprar a paz e o júbilo. Desconhecia que essa flecha lançada pelas mulheres é semente cujos frutos ninguém pode antever, e que as alegrias seriam quase nenhumas ante os sofrimentos e as depredações em nossas vidas, sobretudo em minha existência, sua vítima.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

Lavrador que aflito e velho
Sobre o campo endurecido
Ver deseja sobmergido
O vermelho sol no mar.

E se o úmido negrume
Tolda os céus, e os vales banha
Fita os olhos na montanha
Onde o lume vê raiar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

Pela tarde mais ardente
O pastor estima as grutas
Onde penas nunca enxutas
Vê contente gotejar.

E se as trevas no horizonte
Desenrolam negro manto,
Com saudoso, e flébil canto
Faz o monte ressonar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

Assim Glaura, que inflamada
Perseguiu aves ligeiras
Quer à sombra das mangueiras
Descansada respirar.

Entre risos, entre amores,
Se lhe falta o dia, chora,
E vem cedo a ver a aurora
Sobre as flores orvalhar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar."

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Me disfarço bem
Cantando baixinho
Olhando pro céu
Impossível alguém se sentir sozinho"

terça-feira, 17 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cartomante

"Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida"

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Veríssimo - Parte 13

"Rato é rato. Rato assumiu. Rato não se regenera. Rato não quer nem saber. Deus criou a Terra e tudo que nela habita, inclusive a barata e o vendedor de enciclopédia, mas não se responsabiliza pelo rato. De todos os animais que existem só o rato não foi criado junto com o mundo. O rato se apresentou."

Veríssimo - Parte 12

"Respeito o rato."

Presta atenção

"Aos quatro cantos o seu corpo partido, banido. Aos quatro ventos os seus quartos, seus cacos de vidro. O seu veneno incomodando a tua honra, o teu verão.
Aos quatro cantos suas tripas, de graça, de sobra. Aos quatro ventos os seus quartos, seus cacos de cobra. O seu veneno arruinando a tua vida, a plantação.
Aos quatro cantos seus ganidos, seu grito medonho. Aos quatro ventos os seus quartos, seus cacos de sonho. O seu veneno temperando a tua veia, o teu feijão."

Veríssimo - Parte 11

"Os ratos desprezam sol, água limpa, ar puro, essa literatura toda. Os ratos quando vão à praia ficam no hotel. Os ratos odeiam Debussy. O Deus dos Ratos vive numa caverna do centro da Terra para onde vão todas as latas de cerveja e as cascas de todas as coisas quando preteiam. O Deus dos Ratos tem os olhos injetados de sangue e se alimenta de lava e fósseis. Os ratos maus, quando morrem, vão para o seu lado. Os bons criam asas e vão para o céu dos cachorrinhos, como castigo."

Pai

"Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito.
Silêncio na cidade não se escuta.
De que me vale ser filha da santa?
Melhor seria ser filha da outra.
Outra realidade menos morta.
Tanta mentira, tanta força bruta..."

Veríssimo - Parte 10

"Os ratos relatam, rancorosos, a rata de Rute, a Rata Rumena, que roubava o Roquefort sem resvalar e reprisava. Resultado: reformaram a ratoeira rudimentar. E até hoje nenhum rato pode saber ao certo se o seu próximo queijo será uma refeição ou uma armadilha. Gula igual à morte. Os ratos revisam Reich."

Como acalanto

"Agora falando sério: preferia não falar nada que distraísse o sono difícil.
Eu quero fazer silêncio, um silêncio tão doente do vizinho reclamar:
E chamar polícia e médico e o síndico do meu tédio, pedindo pra eu cantar."

Veríssimo - Parte 9

"Honra ao rato."

O que é bom para o dono é bom para voz

"Até quem sabe a voz do dono gostava do dono da voz
Casal igual a nós, de entrega e de abandono, de guerra e paz, contras e prós
Fizeram bodas de acetato - de fato - assim como os nossos avós
O dono prensa a voz, a voz resulta um prato que gira para todos nós
O dono andava com outras doses, a voz era de um dono só
Deus deu ao dono os dentes,Deus deu ao dono as nozes, às vozes Deus só deu seu dó
Porém a voz ficou cansada após cem anos fazendo a santa
Sonhou se desatar de tantos nós nas cordas de outra garganta
Enfim a voz firmou contrato e foi morar com novo algoz
Queria se prensar, queria ser um prato, girar e se esquecer, veloz
Foi revelada na assembléia - atéia- aquela situação atroz
A voz foi infiel, trocando de traquéia o dono foi perdendo a voz
E o dono foi perdendo a linha - que tinha - e foi perdendo a luz e além
E disse: minha voz, se vós não sereis minha, vós não sereis de mais ninguém"

Veríssimo - Parte 8

"Reputam Rudi, o Russo, que ficou na história. Foi ele que roeu a roupa do rei da Rússia, que de raiva roeu o resto, precipitando uma crise na casa real que culminou na deposição do Czar Nicolau."
"Caía a tarde feito um viaduto e um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos...
A lua, tal qual a dona do bordel, pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens! Lá no mata-borrão do céu chupavam manchas torturadas
Que sufoco louco! O bêbado com chapéu-coco fazia irreverências mil prá noite do Brasil.

Mas sei, que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
A esperança dança na corda bamba de sombrinha, e em cada passo dessa linha pode se machucar...
Azar! A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar..."

sábado, 7 de agosto de 2010

Veríssimo - Parte 7

"Os ratos reverencian Rog, o Realmente Revoltante, creditado com ter iniciado, sozinho, a peste negra que quase dizimou a Europa. Seu nome está no rol dos notáveis."

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Veríssimo - Parte 6

"Ruggero, Rato de Rimini, que todos os dias atravessava correndo a sala do Concílio de Trento, perseguido pelos bispos, e nunca foi pego."

Bandeira

"E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre."

Veríssimo - Parte 5

"Ramon, o Rato Catalão, o introdutor da pulga no Novo Mundo".
"Filosofia e poesia é o que dizia minha avó..."

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Veríssimo - Parte 4

"Rex, o rabugento, o primeiro rato a entrar no Titanic, e o primeiro a sair, depois de inutilizar 17 salva-vidas."
A vida imita a arte, mas não imita o bastante.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Veríssimo - Parte 3

"Herói é Rhamar, o Ratão da Babilônia, que só comia falange de sacerdote."
"Tudo é chique demais
Tudo é muito elegante
Manda botar
Fina palha da costa
E que tudo se trance
Todos os búzios
Todos os ócios"

terça-feira, 20 de julho de 2010

Veríssimo - Parte 2

"Há, é verdade, o ratinho. Pior, o ratinho branco. Algumas pessoas se enternecem com o ratinho. Crianças sonham em ter um ratinho branco em casa e chamá-lo Gilberto. Mulheres pensam vagamente em apertar ratinhos brancos entre os seios, já que nunca se banharão com óleos no serralho de um sultão. Mas o ratinho renega o ranço. O ratinho branco, se tivesse algo a dizer sobre o seu destino, pereferiria ser grande e cinza e espalhar a cólera. É um erro pensar que o camundongo Mickey é um herói entre os ratos. É um vendido, a ovelha branca dos ratos, um traidor da raça."

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um brinde aos que conseguem fazer o mundo sumir quando fecham os olhos!

Um brinde aos que ainda acreditam que se fecharem os olhos o mundo some!

Veríssimo - Parte 1

"Respeito o rato. O rato, ao contrário de outros roedores, é sempre um rato. Nada redime o rato. O rato não é redondinho, não é peludinho, não é um amor. O rato não tem vida útil. O rato é ruim. O rato transmite doença. O rato vive na sujeira. O rato é reles. O rato rasteja. O rato repugna. O rato venderia a própria mãe na Praça Mauá."

Metidinhas, marrecas, capachos

Posso mandar essas chatas pra casa
Mostrar que essas vacas não passam de patas
Espalhar que elas andam caídas
Rotas e gastas como velhas galochas
Posso provar que que são baixas, bruxas
São umas vendidas, um porre, um saco!

Quebrar a cara de vacas muito chatas?
Não penso em me vingar
Quebrar a cara de vacas muito chatas?
Elas que cuidem de almoço e jantar

São umas bolas, palhaças, xaropes
Que fazem barraco
Vivem pra ser criadinhas de macho
E acham que não dá pra escapar
Eu quero mais que elas vão se catar

Para eu cobrar, não ia ser barato
Fazer esses trapos de gato e sapato
Exibir como ficam perdidas
Que descem do salto pra tomar conta deles
Vou só dizer que são rudes e reles
Umas pentelhas, marrentas, vendidas.

domingo, 18 de julho de 2010

Que saudade da minha mãe!


Minha mãe foi no cabelereiro e eu fiquei chupando o dedo


Mudando de contexto

"Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.
Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.

Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha

Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.

E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.

O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.

A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

"Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar, mas que suplica
Erguem-se ao longe como se as eleve
Alguém que ante os altares sacrifica"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz"

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Camilinha no início dos tempos

De corsários

"Tive grandes planos
Sonhos geniais
Eu já tive vinte anos
Pois agora eu tenho mais

Tenho sete mares
Mortes, mais de cem
Já rendi uma cidade
Agora eu quero bem

Nem um louco pra cantar as minhas glórias
Nem um fraco, a minha perdição
Nem as águas
As memórias
Da trajetória do meu galeão

Galeões de Espanha
Ide ao vosso rei
Ele sabe a minha sanha
Mencionai-lhe que eu voltei"

terça-feira, 6 de julho de 2010

Virgens mortas

"Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
nova, no velho engaste azul do firmamento:
e a alma da que morreu, de momento em momento,
na luz da que nasceu palpita e resplandece.

Ó vós, que, no silêncio e no recolhimento
do campo, conversais a sós, quando anoitece,
cuidado! - o que dizeis, como um rumor de prece,
vai sussurrar no céu, levado pelo vento...

Namorados, que andais com a boca transbordando
de beijos, perturbando o campo sossegado
e o casto coração das flores inflamando,

- piedade! elas vêem tudo entre as moitas escuras...
Piedade! esse impudor ofende o olhar gelado
das que viveram sós, das que morreram puras!"

Nirvana

"Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;
Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos"
"Nada: ao fim do caminho percorrido,
o ódio de trinta vezes ter jurado
e o horror de trinta vezes ter mentido!"

Somehow the world will change for me

"So wake up the members of my nation
it's your time to be
There's no chance unless you take one
everytime just see the brighter side of every situation
Something are meant to be
So give it your best
And leave the rest to me
Leave it all to me"

domingo, 4 de julho de 2010

Mimila torcendo inutilmente pelo Brasil





MAIS UMA BRASILEIRINHA DECEPCIONADA...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Pior eu, que sou obrigada a me controlar de graça.

Não sei se eu prefiro o vexame ou as batatadas

Por isso que eu bebo pra ficar ruim. Quando eu quero ficar boa eu tomo remédio.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Da Ana e da Anton

- Eu te vejo.
- Eu estou aqui.

Diálogos insólitos sobre buscas ilegais

- Sabia que vc é o tipo de gente que só veio ao mundo pra irritar pessoas?
- Pois saiba que meu vizinho pré aborrecente ganhou uma vuvuzela há uma semana?
- E o que isso tem a ver?
- Que se os moradores pudessem escolher, ele seria mandado direto pro inferno, não eu.

Mimila há milênios

O que os vagalumes fazem de dia

Quem liga? Quem se importa? Quem pagou essa pesquisa?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Das respostas

Não pergunte por quem o sinos dobram.
Eles dobram por ti.

Sugestão

Se não der pra interferir na rotação da terra, ignore que isso dá.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O último diálogo insólito sobre o corvo e a escrivaninha

- Como terminou a novela do corvo e da escrivaninha?
- Com lições de sabedoria para sempre e jamais.

domingo, 27 de junho de 2010

Camilinha

Ter medo das formigas é ter medo da noite e do dia.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vivendo e caindo do cavalo

Tudo bem. Fiquei sabendo que o sujeito está numa péssima e deveria ter ficado feliz. Sim, porque eu sou daquelas abomináveis pessoas que, ao contrário de todo mundo, ficam felizes quando os desafetos que as sacanearam quebram a cara ali adiante. Mas eu nem consegui comemorar dignamente a derrocada do mal fadado.
Já explico.
Eu tenho todas as razões pra não gostar dele, e não gosto mesmo. Mas o fato é que em todos esses anos eu nunca ouvi falar qualquer coisa a respeito do endemoninhado que não fosse no sentido de que ele é uma criatura sem alma, com um coração negro e nefasto, se é que tem algum, assunto sobre o qual existe alguma controvérsia. Nunca ouvi dizer de ninguém que ele fosse um cara legal. Nunca ouvi ninguém comentar que ele era gente boa, que ele deu sopa pros pobres, ajudou a igrejinha tal ou qualquer coisa que o valha. Nunca ouvi falar que ele fez um favor, ajudou uma velhinha a atravessar a rua ou emprestou dinheiro pra um amigo. Nunca soube que ele tenha dito uma palavra gentil, pra qualquer pessoa, em qualquer tempo. Nunca vi ninguém ouvir o nome dele e ficar quieto. Dizem logo que é um cretino mal caráter e daí pra baixo.
O que se pode concluir de tudo isso? Que o pobre pode ser acusado de tudo nessa vida, menos de esfaquear alguém pelas costas. O que, se pensarmos bem, não é pouca coisa. Ele já chega dizendo a que veio e atirando nos peitos de todo mundo. É ruim que dói, mas quem vai nele sabe a que veio. É o que tem pra hoje e se não gostar, foda-se.
Na atual fase da minha vida, considero isso algo digno de admiração. Taí. O sujeito é macho de te apunhalar te olhando nos olhos.
E fica aqui a minha (pouca) solidariedade. Não sei o tamanho das mágoas do malfadado, mas certamente pioraria se ele ouvisse por acaso, de alguém que mal conhece: "puxa, que decepção, eu achava esse cara tão bacana, admirava tanto, e agora, toda vez que olhar pra essa cara só vou conseguir pensar que ele é canalha, falso e hipócrita". Provavelmente isso não vai acontecer com o coitado.E bebamos a ele.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Finalmente, o meu dileto pensamento sobre a justiça social

É da sua natureza fazer ao menos uma coisa certa: tremer diante de mim. Mas não é medo que vc me deve. Vc me deve tudo. Me deve reverência.

Diálogos inusitados

- Por que tem sempre um idiota inusitado pra te contar o que vc não queria saber?
- Como se vc não soubesse...
- Não é um bom momento pra discutir comigo. Eu tô com raiva, tô com fome e tô com gripe.
- Uhu... Agora vai ter sangue
- Já viu tirarem o cérebro de uma múmia enfiando um arame pelo nariz?
- Então não vai ter sangue?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Well, antes tarde que mais tarde

VENDER-NOS-ÁS, Ó REI! MAS FICARÁ UM MURO,
NO QUAL ESCREVERÁ O DEDO DO FUTURO,
O DEDO VINGADOR, BÁRBARO, ANTIGO, AUSTERO,
QUE MARCOU CAIM E ENSANGUENTOU A NERO,
QUE ESCREVEU SOBRE A TESTA DO VELHO TAMERLÃO
ESTA LEGENDA ATROZ - ASSASSINO E LADRÃO!
ESSE DEDO CRUEL QUE PÕE A ALEXANDRE VI
O DÍSTICO FEROZ ONDE SE LÊ - INCESTO,
QUE MARCOU CARLOS IX, O ALGOZ DOS HUGUENOTES,
E EM TI MARCARÁ - JUDAS ISCARIOTES.

domingo, 20 de junho de 2010

Deixa os acomodados que se incomodem

Minha saúde não é de ferro não
Mas meus nervos são de aço
Prá pedir silêncio eu berro
Prá fazer barulho
Eu mesma faço
Ou não!...

O palhaço ri dali
O povo chora daqui
E o show não pára
E apesar dos pesares do mundo
Vou segurar essa barra...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tem gente que não entende nem à marretada

Mãe, pela última vez, SERVA MARIA É O DEMÔNIO. O resto é comentário jurídico. Que porra difícil de compreender. Cacete.

Luigi de saudosa sabedoria

Café pequeno a gente mata aqui.

domingo, 13 de junho de 2010

Das desculpas

- Meu avô era um debilóide e meu pai é um debilóide.
- Lamento. Mas no seu caso não aceitaremos herança genética como desculpa.

Dos acordos

- Por favor, assine aqui.
- O que é isso?
- Uma caneta de ouro.
- Estou perguntando o que é pra eu assinar.
- Seu atestado de óbito.
- Não vou assinar nada.
- Nesse caso, senhoras e senhores, o que veremos é o senhor Ulisses Guimarães fazendo escola.

sábado, 12 de junho de 2010

O que não aprendera era que não se negava o cordeiro a Deus para depois sacrificar a ovelha. Como se o que negasse com a esquerda pudesse ser entregue com a direita. E isso pudesse ser feito e tivesse algum sentido.

Na opinião de Mimila

Porcos e diamantes

- Vc tem que arrumar tempo pra tomar vacina da gripe do porco.
- Tudo bem. O médico disse que eu não preciso porque, apesar do que a televisão disse, eu não vou ter gripe do porco outra vez, porque eu já tive.
- Viu? Tudo tem algo de bom na vida. Nem que seja a gripe do porco.
- Cala a boca e vai embora.

Diálogos insólitos

- Por que vc não consegue ver uma coisa que até sua mãe reconhece?
- Eu não estou discordando. Só não me importo e não dou a mínima.
- ATÉ A SUA MÃE, criatura!
- Se ela não parar de pular na minha frente eu vou ter uma síncope.
- Sinto muito. Não tem horário pra uma síncope na sua vida nos próximos seis dias.
- Foda-se. E se eu estivesse com gripe do porco?
- Também não tem horário pra vc tomar a vacina da gripe do porco.

Felicidade é sapato apertado

sexta-feira, 4 de junho de 2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A saga do corvo e da escrivaninha

- Se eu me comprometer a não arremessar mais que bolinhos nessa festa do chá pelo menos, a gente pode voltar a negociar?
- Até pode. Mas não agora porque eu estou muito preocupada com uma coisa importante que exige toda a minha atenção.
- O quê?
- Desviar a cada quinze segundos de um caneco desgovernado que vem na minha testa feito um míssel teleguiado pelo calor.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Enquanto isso, na Terra Média

- Não vou mudar minha opinião por tão pouco

sábado, 29 de maio de 2010

A definitiva de Lady Galadriel

- A colocação dela foi irretocável, deliciosa, perfeita.
- Sem nenhum desperdício.
- Então cale-se e vá jogar pimball.

The cell block tango

This is a murder, but not a crime

Post it

- Isso é fantástico. Tem noção da raridade de uma colocação sobre a qual TODO MUNDO tem a mesma opinião e a mesma reação? Gregos, troianos, liberais, comunistas e moralistas do caralho alheio. Nem Jesus Cristo consegui tamanha unanimidade. Vc faz o Obama morrer de inveja. Vc podia ser presa por tráfico e a polícia ia te liberar.
- Sei lá. O que me peocupa é que quando todo mundo pensa igual é porque ninguém está pensando.
- Agora parece que quem não está pensando é vc.
- Acho que isso é verídico.
- O caso está encerrado senhores jurados.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Boca do Inferno

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.
Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.

Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha

Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.

E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.

O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.

A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.

Momento SUBLIME de oração depois

Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
a coragem para mudar as coisas que não posso aceitar
e a sabedoria para esconder os corpos daquelas pessoas que eu tive que matar por estarem me enchendo o saco.

Momento SUBLIME de oração antes

Deus me conceda a SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, a TENACIDADE para mudar o que posso e a BOA SORTE para não fuder tudo com muita freqüência...

domingo, 23 de maio de 2010

O corvo, a escrivaninha, bla, bla, bla

- Acho que o cara que arremessa bolinho não está mais com medo de mim.
- Como assim?
- Sei lá. Vai ver ele desistiu.
- Ainda não sei como vc pode ter certeza que ele arremessa bolinho.
- Pela última vez: os arremessadores de bolinho se reconhecem no olhar; estão no mundo, fazem parte do mundo e foram enviados sem alforje e sem sandálias e por aí vai.

O teaser do corvo e da escrivaninha

- Tem uma fração de segundo, antes dos bolinhos começarem a voar, que vc ainda pode sair correndo. Mas o mais recomendável é não comparecer à festa do chá.
- Talvez os bolinhos não sejam arremessados.
- Qual foi a parte que vc não entendeu? E pra que ir a uma festa do chá que não vai ter guerra de bolinho?

A ciência do corvo e da escrivaninha

- Se foi, pôde ser, se fosse poderia ser, se não é, não é.
- Vc está falando de bolinho ou de caneco?
- Estou falando de lógica.

Silêncios, corvos e escrivaninhas

- Ando preocupada com essa história de pensar toda hora no arremesso do caneco. Estou tendo pesadelos com isso.
- É perfeitamente natural. Vc está com medo de levar um caneco na testa.
- Acho que estou com medo de levar um bolinho na testa.
- (suspiro)

O corvo, a escrivaninha - a missão

- Supostamente vc seria capaz de arremessar um caneco?
- Supostamente não. Mas, por definição, nenhum arremessador de bolinho pode jurar que jamais arremessará um caneco.
- A verdade de Deus...
- Lamentável...

sábado, 22 de maio de 2010

O corvo e aescrivaninha, pra variar

- Eu entendo seu problema com os arremessadores de bolinho.
- Entendeu errado. Porque eu não tenho nenhum problema com os arremessadores de bolinho. Só com os arremessadores de caneco.
- Quer dizer que, na sua teoria, todo arremessador de bolinho é um arremessador de caneco em potencial.
- Não é teoria. É a mais dura e triste verdade de Deus.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Corvos e escrivaninhas... Humpft!

- Imagina que eu estava lá numa simples guerra de bolinhos quando, do nada, não mais que de repente, vejo um caneco desgovernado vindo na minha direção. E foi isso.
- Posso imaginar.
- Eu sei que pode, mas, poxa vida. Jogar caneco não estava no programa. Simplesmente era contra as regras. Era um caneco pesado.
- Bom, tenho certeza que ninguém jamais me arremessaria um caneco na cabeça. Pois eu caçaria o infeliz até o final dos tempos, retalharia seu corpo, encheria com mostarda e enviaria para a mãe dele.
- ... Caso encerrado...

Pra variar, o corvo e a escrivaninha

- Como vai o cara que arremessa bolinho?
- Continua sendo um cara e continua arremessando bolinho.
- ...
- É mais do que se pode garantir sobre os arremessadores de caneco!
- Os arremessadores de caneco acabaram de cair da pauta.

Diálogos insólitos (outra vez o corvo, a escrivaninha, etc, etc)

- O problema é exatamente esse. Gente maluca só se sente à vontade com gente maluca, só se interessa por assuntos e coisas de gente maluca e só se dá com gente maluca. Só que gente maluca arremessa bolinho. Como esse cara. Eu aposto dinheiro que ele arremessa bolinho. E ele está com medo de mim.
- Como assim? Por que ele estaria com medo de vc? O que vc fez pra ele?
- Nada. E nem precisa. Ele sabe que eu arremesso bolinho.
- Como ele poderia saber?
- Os arremessadores de bolinho se reconhecem uns aos outros quase que imediatamente.
- E também se atraem. Embora tenham medo uns dos outros...
- Nós arremessamos bolinho, pelo amor de Deus!
- Mas tem pessoas interessantes que arremessam bolinho.
- Todas as pessoas interessantes arremessam bolinho. O problema é que algumas arremessam outras coisas, tipo pratos, bandejas e canecos.
- Mas vale a pena correr o risco.
- Me diga isso depois que tomar um caneco pelo meio da testa.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Declare guerra aos que fingem te amar
A vida anda ruim na aldeia
Chega de passar a mão na cabeça
De quem te sacaneia

terça-feira, 18 de maio de 2010

No que o corvo se parece com a escrivaninha

I don't know why she's leaving, or where she's gonna go,
I guess she's got her reasons but i just don't wanna know,
'cause for twenty four years i've been living next door to Alice
Alice, who the fuck is Alice ???
Twenty four years, just waitin' for a chance,
To tell her how i'm feeling, maybe get a second glance,
Now i've gotta get used to not living next door to Alice.
Alice, who the fuck is Alice ???

sábado, 15 de maio de 2010

"Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!"

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Capital Inicial

17 anos e fugiu de casa
Às sete horas na manhã no dia errado
Levou na bolsa umas mentiras pra contar
Deixou pra trás os pais e o namorado

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

Pelo caminho, garrafas e cigarros
Sem amanhã, por diversão, roubava carros
Era Ana Paula, agora é Natasha
Usa salto quinze e saia de borracha

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

Pneus de carros cantam

Tem sete vidas mas ninguém sabe de nada
Carteira falsa com a idade adulterada
O vento sopra enquanto ela morde
Desaparece antes que alguém acorde

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

terça-feira, 11 de maio de 2010

Dalila

"Foi desgraça, meu Deus! Não! Foi loucura
Pedir seiva de vida à sepultura,
Em gelo me abrasar,
Pedir amores a marco sem brio,
E a rebolcar-me em leito imundo e frio
A ventura buscar.

Errado viajar sentei-me à alfombra
E adormeci da mancenilha à sombra
Em berço de cetim.
Embalava-me a brisa no meu leito
Tinha o veneno a lacerar-me o peito
A morte dentro de mim.

Tens o peito de fogo e a alma fria.
O cetro empunhas lúbrico da orgia
Em que reinas tu só!
Mas que finda o ranger de uma mortalha,
A enxada do coveiro que trabalha
A revolver o pó.

Não te maldigo, não! Em vasto campo
Julguei-te estrela e eras pirilampo
Em meio à cerração.
Prometeu quis dar a luz à fria argila.
Não pude. Pede a Deus, louca Dalila,
A luz da redenção."

Sombras

" Almas, que um dia no meu peito ardente
Derramaram dos sonhos a semente,
Pessoas que eu amei!
Anjos louros do céu! Virgens serenas!
Madonas, Querubins ou Madalenas!
Surgi! Aparecei!

Furtivos passos morrem no lajedo
Resvala a escada do balcão discreta
Matam lábios os beijos em segredo
Afoga-me a surpresa, o pranto e o medo

A cruz de angústia, que meu ser arrasta
Se tudo recusa-me o fadário
Na hora de expirar, juro que basta,
Morrer beijando a cruz do teu rosário

A orgia qua a mantilha te arregaça
Enche a noite de horror, de mais horrores
É sangue, que referve-te na taça
É sangue, que borrifa-te essas flores"

Remorso

"Cavaleiro sinistro, embuçado,
Neste negro cavalo montado,
Onde vais galopando veloz?
Tu não vez como o vento farfalha,
E das nuvens sacode a mortalha
Ululando com lúgubre voz?

Onde vais? Onde vais temerário
A correr, a voar, que fadário
Aos ouvidos te grita: fugi?
Por que fitas o olhar desvairado
No horizonte que foge espantado
Em tuas costas com medo de ti?

Tu não vês? Qual matilha esfaimada,
Lá dos morros por sobre a quebrada,
Ladra o eco gritando: quem és?
Onde vais, cavaleiro maldito?
Mesmo oculto nos véus do infinito
Tua sombra te morde nos pés."

domingo, 9 de maio de 2010

Carta para minha filha

Não diria à ela busque uma maneira de não errar, de não ser enganada, o custo é muito alto. A gente sai dessas histórias flagelada, e até você se montar, mantendo consigo os resultados dessa experiência, longos anos terão passado e, com eles sua juventude, muito de sua garra, muito de sua fé no mundo que a cerca.

Não diria a ela, se prepare e quando achar que está preparada, fique atenta, cheque tudo, pode ter passado despercebido algo essencial!

Não diria a ela, coloque suas forças naquilo que acredita, se jogue com toda a sua fé, mas tenha sempre algo em desenvolvimento. Se tudo o que você acredita não resultar no que você espera, sua alma não estará perdida! Apesar disso tudo, não se oculte, exista! Pague o preço de existir, você é luz e tudo que existe dentro de você é luz! Portanto você é essencial ao mundo, se você não existisse que pouco brilho o mundo refletiria!
Você sempre estará cercada de pedras enormes, por vezes montanhas, aproveite-as para olhar ainda mais longe, escale todas elas, não se preocupe com força, esta te é inata.
Domine suas emoções e, não permita que elas a dominem! Seja senhora de si mesma, não uma serva de seus instintos.

Não diria a ela, seja indulgente com todos, mas nunca com você. Trate-se como aqueles que necessitam montar-se, ajustar-se para a grande tarefa que é viver.
Lembre-se de voar com suas asas, não contar com as dos demais. Nada contra asas alheias, mas é com as suas que deve voar.

(http://kuinzytao.wordpress.com/2006/09/01/carta-para-minha-filha/)

sábado, 8 de maio de 2010

Well you done done me and you bet I felt it
I tried to be chill but you were so hot that I melted
I fell right through the cracks and I'm trying to get
back
Before the cool done run out I'll be giving it my
bestest
Nothin's gonna stop me but divine intervention
I reckon it`s again my turn to win some or learn some
I won't hesitate no more, no more
It cannot wait, I'm yours

domingo, 25 de abril de 2010

No day but today

There is no future -
There is no past
Thank God
This moment's not the last
There's only us
There's only this
Forget regret
Or life is yours to miss
No other road no other way
No day but today
I can't control
My destiny
I trust my soul
My only goal
Is just to be
Will I lose my dignity
Will someone care
Will I wake tomorrow
From this nightmare
Without you
The hand gropes
The ear hears
The pulse beats
Life goes on
But I'm gone
'Cause I die
Without you
I die without you
I die without you
No day but today
I die without you
There's only now
There's only here
Give in to love
Or live in fear
No other path
No other way
No day but today


Who do you think you are?
Barging in on me and my guitar
Little girl -- hey
The door is that way
You better go you know
The fire's out anyway
Take your powder
Take your candle
Your sweet whisper
I just can't handle
Well take your hair in the moonlight
Your brown eyes
Goodbye, goodnight
I should tell you I should tell you
I should tell you I should -- no!
Another time -- another place
Our temperature would climb
There'd be a long embrace
We'd do another dance
It'd be another play
Looking for romance?
Come back another day
Another day

The heart may freeze
Or it can burn
The pain will ease
If I can learn
There is no future
There is no past
I live this moment as my last
There's only us
There's only this
Forget regret
Or life is yours to miss
No other road
No other way
No day but today


Excuse me if I'm off track
But if you're so wise
Then tell me
Why do you need smack?
Take your needle
Take your fancy prayer
And don't forget
Get the moonlight out of your hair
Long ago you might've lit up my heart
But the fire's dead
Ain't never ever gonna start
Another time -- another place
The words would only rhyme
We'd be in outer space
It'd be another song
We'd sing another way
You wanna prove me wrong?
Come back another day

There's only yes
Only tonight
We must let go
To know what's right
No other course
No other way
No day but today
I can't control
My destiny
I trust my soul
My only goal is just
To be
There's only now
There's only here
Give in to love
Or live in fear
No other path
No other way
No day but today...


Control your temper
She doesn't see
Who says that there's a soul?
Just let me be...
Who do you think you are?
Barging in on me and my guitar
Little girl, hey
The door is that way
The fire's out anyway
Take your powder
Take your candle
Take your brown eyes
Your pretty smile
Your silhouette

Another time, another place
Another rhyme, a warm embrace
Another dance, another way
Another chance, another day

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jack Kerouac

Aceite as perdas para sempre.

Só confio nas pessoas loucas, aquelas que são loucas pra viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, que nunca bocejam ou dizem uma coisa corriqueira, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosas velas amarelas romanas explodindo como aranhas através das estrelas.

Eu não tenho nada para oferecer a ninguém, exceto minha própria confusão.

Nossa bagagem maltratada fora empilhada na calçada novamente; nós tínhamos mais caminhos para percorrer. Mas não importa, a estrada é a vida.

Ofereça a eles aquilo que mais desejam secretamente; é claro que entrarão em pânico imediatamente.

Tudo da vida é um país estrangeiro.

O que os vagalumes fazem de dia

O que você está vendo é a ponta de um iceberg
Você não perde por esperar meu julgamento de Nuremberg
Pode se preparar
Tudo o que é sólido desmancha no ar
Mas o que é leve vale enquanto pesar

Vem chumbo grosso na sua direção
Se prepare querida pruma revolução

Tudo que incomoda dá a volta e pede contas

domingo, 18 de abril de 2010

Capitulação

Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lugar diferente

Comandante, Capitão, Tio, Brother, Camarada,
Chefia, Amigão, desce mais outra rodada.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

terça-feira, 16 de março de 2010

Sei lá

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores

domingo, 14 de março de 2010

Cavalleria Rusticana

Bonasera. Bonasera. O que eu fiz para que vc me trate com tanta falta de respeito? Se tivesse vindo como amigo os pilantras que desgraçaram sua filha estariam sofrendo nesse momento. Se um homem como vc tivesse inimigos, eles seriam meus inimigos. E eles teriam medo de vc.
......................
Algum dia, e talvez esse dia nunca chegue, vou lhe pedir um favor. Mas até lá, aceite justiça como presente pelo casamento da minha filha.

quarta-feira, 10 de março de 2010

No final do dia quem não tem honra não tem nada

E pouco importa a desculpa

Àqueles que já deveriam saber que

Dignidade só se perde uma vez

e

Que um sonho não se nega à ninguém

Digo que surpreendentemente ainda não me arrependi dos cheques que eu rasguei
e

Fui

terça-feira, 9 de março de 2010

As coisas que vc não pode mudar terminam mudando vc.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Errata

Não vou deixar que entrem
Que invadam o meu lar
Pedir que quebrem
Que acabem com meu bem-estar
Não vou pedir que quebrem
O que eu construi pra mim
Que joguem lixo
Que destruam o meu jardim

Não quero o mesmo inferno
A mesma cela de prisão - a falta de futuro
Não quero a mesma humilhação

Não vou deixar que entrem
Que invadam o meu quintal
Que sujem a casa
E rasguem as roupas no varal
Não vou pedir que quebrem
Minha sala de jantar
Que quebrem os móveis
E queimem tudo o que restar

Não quero o mesmo inferno
A mesma cela de prisão - a falta de futuro
Não quero a mesma humilhação

Não vou deixar que entrem
Como uma interrogação
Até os inocentes
Aqui já não tem perdão
Não vou pedir que quebrem
Destruir qualquer certeza
Até o que é mesmo belo
Aqui já não tem beleza

Não vou deixar que entrem
E fiquem com o que você tem
Até o que é de todos
Já não é de ninguém
Pedir que quebrem
Mendigar pelas esquinas
Até o que é novo
Já esta em ruinas
Não vou deixar que entrem
Nada é como você pensa
Pedir que sentem
Aos que entraram sem licença
Pedir que quebrem
Que derrubem o meu muro
Atrás de tantas cercas
Quem é que pode estar seguro?

Não quero o mesmo inferno
A mesma cela de prisão - a falta de futuro
Não quero a mesma humilhação

Porcos e diamantes

Já atravessou a rua olhando pro lado errado?
Daí quando vc vê, vem um carro e...
O que vc faz?
Nada.
Vc congela.
E a sua vida não passa na sua frente porque vc está apavorado demais pra pensar qualquer coisa.
Vc para e faz uma cara de imbecil.

Mas o cigano não.
Por quê?
Porque ele tem planos de atropelar.
Já havia me ocorrido que para cada ação há uma reação em sentido contrário.
E a reação de um cigano é uma coisa maldita.

sábado, 6 de março de 2010

Da mediocridade

Um brinde aos que ainda preferem morrer de vodca do que de tédio.

terça-feira, 2 de março de 2010

É Hoje

A minha alegria atravessou o mar
E ancorou na passarela
Fez um desembarque fascinante
No maior show da terra
Será que eu serei o dono dessa festa
Um rei
No meio de uma gente tão modesta
Eu vim descendo a serra
Cheio de euforia para desfilar
O mundo inteiro espera
Hoje é dia do riso chorar
Levei o meu samba pra mãe de santo rezar
Contra o mal olhado eu carrego meu patuá
Acredito ser o mais valente, nessa luta do rochedo com o mar
E com o ar!
É hoje o dia da alegria
E a tristeza, nem pode pensar em chegar

segunda-feira, 1 de março de 2010

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia.
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
e no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

PL

Pode ficar com a realidade,
esse baixo astral em que tudo entra pelo cano,
eu quero viver de verdade,
eu fico com o cinema americano.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Gospel

Por que que o sol nasceu de novo e não amanheceu?
Por que que tanta honestidade no espaço se perdeu?
Por que que Cristo não desceu lá do céu e o veneno só tem gosto de mel?
Por que que a água não matou a sede de quem bebeu?

Por que que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por que que os sonhos foram feitos pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que que eu tenho caneta e não consigo escrever?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

das estirpes (394)

Entretanto, antes de chegar ao verso final já tinha compreendido que não sairia nunca daquele quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no instante em que acabasse de decifrar os pergaminhos e que tudo que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e por todo o sempre, porque

da perspectiva

Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
Quantos elementos amam aquela mulher
Quantos homens eram inverno outros verão
Outonos caindo secos no solo da minha mão

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos. Ou pelos mais vivos.
Não importa o que eu penso e não importa o que eu sinto. Os mortos continuam mortos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

EAP - SMF

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lenta e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesma infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdida receando,
Dúbia e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdida, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas suas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrada na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldita!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!