sábado, 31 de outubro de 2009

Clarice

Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico?
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso.
A alegria dos outros me espantava.
Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina.
Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso de novo eu morria.
Só depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar.

BELEZA SEM VIRTUDE ...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Revival

Vou deixar a vida me levar
Pra onde ela quiser
Estou no meu lugar
Você já sabe onde é...
Não conte o tempo por nós dois
Pois a qualquer hora
Posso estar de volta
Depois que a noite terminar...
Vou deixar a vida me levar
Pra onde ela quiser
Seguir a direção
De uma estrela qualquer...
Não quero hora pra voltar
Não!
Conheço bem a solidão
Me solta!
E deixa a sorte me buscar...
Mas vou ficar aqui
Até que o dia amanheça
Vou esquecer de mim
E você se puder
Não me esqueça...
Vou deixar o coração bater
Na madrugada sem fim
Deixar o sol te ver
Ajoelhada por mim
Sim!...
Não tenho hora pra voltar
Não!
Eu agradeço tanto a sua escolta
Mas deixa a noite terminar...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Tô de partida,
desarmado e no peito o coração
não levo nada, deixo um sonho
aventureiro de emoção.
Esqueço tudo
pra viver livremente nova paixão
vagando afora encontro o mundo
como um livro aberto esperando a lição.
Foi por amor
todo esse tempo que construí
tudo que passou e me fez sentir
momentos de felicidade.
Ao longe, a saudade apertou a dor,
uma navalha cega que o amor
deixouem pedaços de bondade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Trapaças

Contigo aprendi
A perder e achar graça
Pagar e não dar importância
Contigo a trapaça
Por trás da trapaça
É pura elegância
Se deres por falta
Do teu riso esperto
Dos teus sortilégios
Entende e perdoa
Eu ando nas ruas
Com o sol descolado
Da tua pessoa

(Chico Buarque)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O QUE NÃO TE MATA TE FAZ ESTRANHO.