sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

Lavrador que aflito e velho
Sobre o campo endurecido
Ver deseja sobmergido
O vermelho sol no mar.

E se o úmido negrume
Tolda os céus, e os vales banha
Fita os olhos na montanha
Onde o lume vê raiar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

Pela tarde mais ardente
O pastor estima as grutas
Onde penas nunca enxutas
Vê contente gotejar.

E se as trevas no horizonte
Desenrolam negro manto,
Com saudoso, e flébil canto
Faz o monte ressonar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

Assim Glaura, que inflamada
Perseguiu aves ligeiras
Quer à sombra das mangueiras
Descansada respirar.

Entre risos, entre amores,
Se lhe falta o dia, chora,
E vem cedo a ver a aurora
Sobre as flores orvalhar.

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.